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quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Agora

Agora é tudo mais fácil.
É aço, é forte..
É  o que foi importante, a própria sorte.
Agora é tudo melhor.
Mais nítido, mas vil
Brusco e gentil. Sem meio termo.

Agora.
Agora tudo virou rotina fatigante..
Cervejas quentes,conversas medíocres,beijos sem sabor.
Caminhadas compridas e sem destino.
"Uma dor cura a outra",alguém me disse.
Machucar os pés no asfalto talvez amenize o que me dilacera.
Me machuco.
Me machuco de todas as formas possíveis, e passei a amar minha tortura.. Meu alívio.
Cigarros, garrafas, agonia, escória.. Me abraçam de olhos fechados, e o que posso eu fazer senão retribuir?
Ignoro o fato triste de que já não sinto prazer com mulher alguma, e nenhum êxtase com a melhor droga possível.  Nos meus porres, vejo teus olhos castanhos, destacados na pele incrivelmente branca a me espreitar.. A balançar a cabeça negativamente.. E minhas alucinações são cheias de traços teus. Pesadelos, pesadelos.. De que adianta dormir? Como posso fechar os olhos sem reconhecer esse vazio que consome mais de mim a cada dia que passa? 
Só me resta continuar.. Entregar o que resta de mim, de bandeja, pra qualquer dor..
Qualquer imitação barata de amor.

domingo, 23 de outubro de 2011

Trecho de uma verdade maior

“...ela era simplória,e o seu batom vermelho de segunda já se desmanchara em meus lábios.
Seus seios caídos,embora medianos,suavam a vomito e  perfume floral. Ela era o asco, e ao asco eu pertencia. Era apenas um porco comendo de garfo e faca.”

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Reflexões


Tenho que admitir: amorteci-me por dentro. Senti uma onda de calor aconchegante,felicidade de uma volta impossível no tempo,mesmo que por poucos minutos.Era como poder pegar de volta o livro da cabeceira da cama,que você não nunca terminou de ler,por ter decidido fugir,largado de mão..
Já não sei se sou quem fui,e nem faço idéia de quem quero ser. Tal idealização não faz mais sentido depois de ter ouvido aquela voz familiar massagear meus ouvidos,me embalando suave enquanto me transportava de volta ao meu preferido conto de fadas,já quase esquecido...
Não sei  bem o que aconteceu,mas em tão pouco tempo,algum pedaço de mim tentou se regenerar, deu um salto no vácuo, e senti um filete de sangue quente correr em minhas veias,outrora paralisadas e preguiçosas..Era como se todo o resto;as lágrimas, a dor, os pesadelos,as lembranças,todas as memórias doloridas perdidas no tempo, estivessem conspirando por aquele momento.Por uma nova escolha..
Era como se meus medos fossem um deus bondoso, voltando atrás e me dando a chance de refazer meus antigos passos tropegos.Ter coragem,abraçar meu destino,minha escolha ‘certa’.
Tal sensação não durou muito,como era de se esperar.
Não agi como o requerido,e você voltou um passo atrás.
Defendeu-se e me lembrou por que tudo era tão exitante.Era como um jogo de xadrez interminável..
Trocas de xeques em cada jogada,prevendo movimentos, atacando quando o outro abria a guarda,fazendo emboscadas,tentando adivinhar a estratégia inimiga.
Foi quando caí em mim. Realmente mudei.
Os jogos, que tanto me encatavam;agora só me aborrecem. Cansei de jogar..Nas apostas,perdia humanidade,inocência,esperança..A competição já não me apetece, e consigo agora notar que quero apenas companhia  calma e sorriso sincero,pra bebericar vinho na varanda fria,e fazer declarações sem precisar de palavras.
Ler o brilho nos olhos do outro,que não oferece resistência para esconde-lo, nem olha pra baixo para oculta-lo. Amor,sem complicações.
Só.

domingo, 19 de junho de 2011

Mais uma dose de solidão

Não estou só, só me sinto.
Consigo ver pelo canto do olho contornos humanos apressados, e vozes abafadas pelo meu pensamento distante.
Olhar fixo, em um ponto qualquer.Mente fixa, em uma memória boba..do que ja fora minha rotina.
Sorrisos nublados,como num sonho, ou num momento ébrio.
Sinto me em meio de fantasmas silenciosos,e tal presença em vez de me levar embora a solidão,a acentua,e nada fica além da angústia do vazio.
Fico como claustrofóbica,desesperada por uma janela aberta, um caminho,uma fuga.Um trem pra qualquer lugar, a qualquer hora..que me leve pra longe daquela realidade mórbida..Que me resgate da prisão sombria, da qual fui arquiteto, e você o carrasco.
 Me permiti ser humano,e a dor que isso me causa até hoje,machuca,dilacera..Como uma ferida que não cicatriza,por ser repetidamente golpeada..sangra novamente,pelo meu arrependimento..decepção.
Não me importo de ficar só.. Mas sem fantasmas.

terça-feira, 14 de junho de 2011

Holograma

Você estava lá. Eu lembro.
Consigo descrever todos os detalhes.
Seu rosto..feições belas e simplórias,que em seu conjunto atendiam a tudo o que meu coração definia como perfeito.
A ilusão..o primeiro de todos os prazeres.
Seus gostos,seus costumes, seus olhos de um castanho profundo, que de tão reais,brilhavam refletindo minha alma. Me encontrei naqueles olhos puros, de quem já não ouvia falar em pureza a muito tempo.
Voltamos a inocência..sentimos de novo o calor desesperador que te faz querer dizer besteiras fora de hora, e demonstrar tudo que se sente, a cada milésimo de segundo.
A voz..lembro como se tu estivesses agora, contando segredos jamais ditos em voz alta, despejando respiração quente em meu ouvido.A tal voz que ouço cantar suave em meus sonhos preto e branco,pesadelos em que sempre acabo encurralada,sem saber de quem fugir.
Me consola,sua lembrança imutável, intacta,imaculada.. e me corrói o fato de saber que ela não passou de uma mentira fajuta..Que quis acreditar ser real,renegando todo meu instinto..minhas experiências..e o costume, de ser sempre apenas uma observadora dos sentimentos alheios,tendo em mim apenas um vazio infindo.
Não sei se bebo pra suprir tua falta, ou pra esquecer do tempo que te tive.. Talvez até pra assumir pra mim mesma,que amei um ator.
Acho que bebo pra me permitir pensar em quais lágrimas foram reais…quais sorrisos foram espontâneos..Quais palavras não foram ditas em vão.
De que importa..! A realidade de um ser místico, é a que espero!
Justo eu, que me vanglorio de meu ceticismo,escarneço os deuses,e rio do que chamam de milagres..justo eu!
Esperando pelo que nunca existiu.. 
Como uma cristã,devota, que reza em vão para um deus que supostamente o dará outra vida,muito melhor que a terrena. Tal fiel abandona suas chances de ser feliz..por sua idéia de perfeição.
É exigir demais, eu sei.
Querer aquilo que ninguém tem,viu, ou descreveu..
Mas é o meu amor, a ilusão.
É o rosto holográfico, que sustenta minha alma e impede que o resto de esperança,pereça.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

O monstro do armário

Suor frio,com cheiro de vinho tinto.
Me debato em meio aos lençóis quentes e acordo em agonia..mas uma noite perdida,olhando um céu escuro,homogêneo e sem estrelas.
Não lembro do sonho,mas sei o que ele continha.
Seu rosto, seu cheiro, seu sotaque..Qualquer vestígio da sua presença.
O monstro do armário não ataca se as portas estiverem fechadas,por isso atei tantas correntes..
Aprendi a ignora-lo,desdenhando do que outrora senti..Como se em vez de chorar o passado,tivesse apenas fingindo que ele não existiu.
Porém na madrugada,reparo que todos meus esforços de te apagar,foram inúteis.Por que no leito, a espera do sono,vejo os olhos do monstro,vorazes,pela fresta da porta..
Sinto seu olhar nos meus medos..Percorrendo meu íntimo,explanando meus segredos,vigiando meus calafrios.
Me sinto nua,frágil,vulnerável..
Como quando você estava por perto...
Era como se tu traduzisses meus movimentos em palavras!
Me entregava relutante..Irritada por responder minha ironia com seu cinismo.
Expressões faciais das qual lembro tão perfeitamente..límpidas como numa fotografia.
Sorrisos perfeitos..que me assombram.
Quem me dera esvaziar o peito,limpar o armário...

sábado, 30 de abril de 2011

Pela janela.

Ela olhou da janela.
Consegui ver seu rosto através do vidro por pouco mais de um minuto.
Apesar da chuva caudalosa,pude reparar nos seus olhos cansados,na beleza triste da tal mulher solitária.
Poderia jurar que ela procurava algo,ou alguém...Mas a rua estava calma e vazia.
Talvez fosse impressão.
Talvez fosse a esperança de que estivesse procurando por mim..
Mas não pode ser casual,não pode!
Ela nunca olha pro lado de fora.
Estará presa a força? Ou prisionando a si mesma?!
Não sabe o quanto anseio entrar em seu mundo.
Cura-la da angústiante solidão com apenas um toque, na sua mão delicada, que escreve poemas.
Que poderia eu fazer para que ela soubesse que somos iguais? A mesma alma atormentada,de pensamentos inquietos, dividida em dois corpos..
Não sei.
Acho que passarei todo o resto de vida,suprindo sua falta com devaneios.
Mas definitivamente,nunca esquecerei dela..Dos seus olhos negros e brilhantes,mas não como os de quem acabou de chorar..era mais como se prendessem lágrimas,muitas lágrimas..que tentavam transbordar e esvair-se de suas cadeias..em vão.

terça-feira, 8 de março de 2011

Cicatrizes

Cansei do óbvio.
O comum me entedia e o normal me chateia.
Não aguentava mais amar as mesmas pessoas,
Chorar pelas mesmas desilusões.
Me agarrar com força ao passado feriu minhas mãos..
Até você chegar.
No começo tive medo.
Não queria estende-las,e mostrar-te o que fiz em vão..
Era vergonha.
Você caminhou ao meu lado,como velhos amigos
E as feridas começaram a se curar,dia após dia.
Senti falta de uma mão pra segurar.
Mais uma vez,o medo.
Dessa vez me retive não mais por vergonha..
Era medo de reabrir as feridas
Me machucar.
Sentir a velha e excruciante dor de abandono,novamente.
Lavando minhas mãos de sangue,e meu rosto de lágrimas quentes.
Não deu pra aguentar.
Quis te abraçar, te ter pra mim.
Assim,quase que de um dia pro outro.
Não ligo que me chamem de insensata
Afinal,eles não entendem.
Eles não entendem que o caos de sentimentos em mim me faz sentir algo novo,inesperado.
Loucura?
Ilusão?
Não importa. É verdadeiro.
Por que você não desistiu quando enfrentou o que costumava ser impenetrável?
Meu sorriso,embora enferrujado pelo tempo em que se escondeu, desperta o teu.
Pelo que mais valeria a pena lutar se não pelo teu sorriso?
O inalcançável agora é minha única ambição.
Mas agora...posso segurar tua mão?

quinta-feira, 3 de março de 2011

Recomeço

Ainda ontem eu era apenas pedaços de vidro,disperços pelo chão.
Apenas cacos,frios e afiados..prontos para machucar quem ousasse se aproximar..
Aos poucos,pela influência do vento forte e intenso..fui perdendo-me aos poucos.
O pouco que sobrou,parecia jamais ser suficiente para regenerar-se.
Quando parecia já não importar, a solidão ou o descaso,você veio.
Fez questão de procurar os minúsculos fragmentos meus, que já havia abandonado.
Juntou.
Ainda restam algumas ranhuras,e pequenas lacunas que nunca voltarão.
Mas não precisam voltar..Eu posso ser eu mesma,com todos os meus defeitos e incertezas,por que agora eu me sinto completa..
E não vou deixar que o medo de quebrar de novo me impessa de me sentir feliz,agora.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

Wish you were here.

Ele diz ser frio.
Não acho.
Talvez seja por sofismo..
Esconder isso que há de tão belo em ti,me maltrata.
É medo?
Quem te machucou?
Quem pode desprezar o que daria tudo pra ter comigo?
Eu te entendo.
Eu não quero arriscar novamente..
Ou tavez queira.
Só sei que te assemelho ao vento da praia.
Ninguém vai até lá pra o admirar..Eles se preucupam querendo o mar e o sol.
Mas diga-me..quem aguentaria a quentura do sol, sem a brisa forte que faz dançar os cabelos?
E que graça teria o mar, sem o vento pra embalar suas ondas?
Aos poucos..em cada sorriso ou segredo,me devolve o que a muito perdi.
A capacidade de sentir algo além da mágoa,do ódio e do desamparo.
Pra mim, foste revigorante como água fria no corpo,no findar de um dia ensolarado..
Ou como enfiar os pés na grama banhada de orvalho,depois de uma caminhada sobre pedras.
É como a lenda do oasis perdido, encontrado apenas após uma árdua caminhada pelo deserto.
Se pudesses imaginar o que despertas em mim,nunca voltarias a dizer que és frio.
How I wish...

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Desapego

Sinto tua falta,mesmo estando ao meu lado.
Sinto tua falta, mesmo sentindo o calor de sua mão aconchegando a minha.
Sinto falta de quem eu era, de quem tu eras, de quem costumávamos ser.
De como eramos bons juntos.
Sinto falta da tua voz doce,
Do olhar carinhoso,
Do sorriso sincero que nunca mais ví.
Agora somos como estranhos,ligados apenas pelo costume..
Quem é você,agora?
E quem sou eu, sendo que a maior parte de mim agora, me é estranha?
Como se já não bastasse,ter que lidar com a minha própria inconstância..
Outro dia me falaram sobre passado e presente..escolhas.
E não vou mais me prender a tua ausência.
Sinto falta dos antigos sentimentos fortes..primários,novos.
Sinto falta de sofrer..Remoer mágoas já não me satisfazem mais.
Quero lágrimas ou sorrisos..não importa.
Mas já cansei de esboçar neutralidade.
Vou me encontrar novamente,e o pedaço meu que ficou contigo,não fará falta.Não mais.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Angústia eterna de uma mente com lembranças


Hoje eu soube que algumas estrelas que vemos,não existem mais.
A grande distância nos ilude,nos mostrando uma imagem do passado,e nós bobos, acreditamos que ainda é real.
Achei irônico,mas esclarecedor.
Me fez enchergar toda uma situação de um ponto de vista diferente..
As vezes a lembrança toma conta da realidade,impedindo a intensidade do sofrimento. Em vez da tristeza,da perda,findamos preferindo o conforto da ilusão. Nos deitando nos lençóis da nostalgia, vivendo novamente cada memória,e assim reavivando o sentimento e a esperança,embora falsa.
O sabor da saudade amarga a boca e comprime o peito perante essa verdade desnuda..mas depois de horas a fio de lágrimas derramadas,o alívio da aceitação da realidade começa a dar uma sensação de calma e até mesmo de vazio.
A compreensão de passado fica tão clara, que sem palavras,sem questionamentos...sabemos o que precisa ser feito.
Vou fazer.
Espero que cicatrize logo a ferida grave que vou fazer quando te arrancar de mim.

domingo, 30 de janeiro de 2011

Nossos jogos de amor e orgulho

Me aperta o peito te ver e fingir que não.
Que não vejo, não sinto, não quero.
Não quero sentir como não quero fingir.
Minhas mãos não estão atadas, mas estarão, em qualquer passo que eu der, sem importar a direção.
Fico imóvel.
E você, ausente.
Esse jogo nunca vai terminar.
Vença-me,ou jogue o tabuleiro pro alto, se for preciso.
Mas acabe com isso.
A tortura de esperar me estraçalhou a esperança, e sugou tudo o que eu tinha de aproveitável, além de filetes de sangue e lágrimas.
Estou aqui, como prometi que estaria, depois de tanto tempo.
Não me protejo mais. Você não pode me afetar mais, apenas tomando uma decisão, falando verdades.
Coisas que preciso ouvir, e mais que isso!
Anseio ouvir.
Não te quero, não te amo, não me espere.
Vá embora.
Estou a mercê das suas palavras,suas jogadas.
Não demore...
O meu alívio chegará com a sua coragem de um desfecho,xeque mate.

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Marcas do seu egoísmo

Vai.
Machuca-me.
Estou esperando a dor;assim não doerá o susto de quando ela chegar sem aviso.
Uma noite chuvosa,uma manhã nublada,um sonho que não lembro bem.
É como se suas lembranças me atingissem como o vento frio da madrugada me machuca o rosto..
Mas passa.
Logo passa.
O calor e o tempo aos poucos apagam os vestígios que você deixou em mim.
Quando começo a me sentir livre,você volta, de um jeito ou de outro.
Num livro,num poema,num cheiro.Nas mentiras.
Por que insistes em ocupar um lugar em mim?
Por que me torturar com a tua ausência, se tú mesmo não se deixa partir?
Pra que te esperar se não pretendes voltar?
Me devolve o amor que desperdicei.
Me devolve o que te dei em vão.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Nostalgia

Como era mesmo a sensação de amar?
Ah se me lembrasse..
É como o som do mar, quando se passou os ultimos anos num porão fechado e sem janelas.
Distante e improvável..mas vagamente conhecido.
Como alguém que conhecemos num sonho, ou uma fruta que vimos num livro,mas nunca provamos.
Até mesmo se ouvirmos o som do mar na TV,no rádio,numa concha.
É só um som.
Não dá pra sentir a areia aconchegando os pés cansados,nem o vento festejando em seus cabelos e acariciando a face,como um amante gentil e apaixonado.
É só um som.
É só uma caracteristica..Só uma lembrança do que restou, e talvez não volte.
É como a adolescencia de um velho decrépto e esquecido.
Não adianta ler diários e relembrar amores perdidos. São só pedaços de papel.
Meu travesseiro absorve minhas mágoas,e tento me entregar a ele,na esperança vã de um sono sem sonhos.
De relance,olho pra mesa ao lado da cama. Minha bebida esquentou.
Não sei se quero bebe-la.
Não sei se quero fingir por mais um dia, que estou bem.
Não quero acordar com um nó preso na garganta,fingindo sorrisos e forçando gargalhadas.
Por hoje;bom..
Só quero me entregar á tudo o que não sinto mais.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Últimos lamentos

Meus pés descalços congelam-se no chão sujo,enlameado e áspero,pelas folhas em pedaços que restaram do outono.Outro inverno sem anjos de gelo,sem bonecos de neve, sem amigos bebendo chocolate quente em volta da lareira.
As lembranças da primavera ficaram nas fotos que rasguei,enquanto pensava nas mentiras,nas omissões,nas máscaras.O que me trás a nostalgia é apenas um vinil da Joplin que você deixou no armário,na gaveta onde ficavam minhas bijuterias antigas.As vezes penso se foi seu jeito de ficar pra sempre comigo,ou se for por maldade,por saber que eu choraria quando ouvisse o canto rouco,embalado por promessas mal feitas e por perguntas sem respostas convincentes.
Chego em casa e tudo está com ritmo de ópio.Seus livros de psicanálise ainda estão na estante,cobertos por teia de aranha.Faço tudo para que continuem como você deixou, a diferença são os fios de entrelaçados,e a poeira contida nas capas.Tenho certeza de que, se os abrir,ainda terão o seu cheiro de chá de canela com a fumaça do seu cigarro predileto,abafados pelo odor de mofo.
Sinto de novo desapontamento para comigo mesma,por não ter te expulsado das minhas memórias,e nem do meu presente.Eu sou a culpada que não te deixa ir embora,que te deixou preso nas viagens,nas risadas, no vinho tinto ao som de rock'n roll e blues.
E eu sei que essa angústia não passará de uma hora para a outra,pois a cada dia que passa, me apego á solidão,a única amiga leal,que nunca me deixará.Eu tenho a mim..Sempre terei.E tento em vão enterrar viva tuas memórias.Me desespera. E esse desespero me faz questionar cada vez mais porquês e tomar cada vez mais anfetaminas.
Pela janela vejo o chão cinza lá fora, e eu percebo que o chão relvado, e as margaridas banhadas de orvalho nas manhãs de primavera,talvez,não voltem a ser vistas por mim.

Redenção

Escolhas.
Estúpidas,mesquinhas,egoístas.
A escória da minha psique se manifesta outra vez.Sinto sua agonia,sua respiração ofegante de quem luta pra se libertar,dar adeus,ou sair sem avisar..Fustiga minha consciência;ou o que restou dela.
Me confunde com sua malícia e persuasão..forja-me idéias novas e precipitadas.
Eu me rendo.Devora-me.Mas me deixa saborear comodidade,ao menos uma vez.
Quero experimentar essa tal de paz,da qual me contam histórias,versos e cantigas.Quero provar seu sabor,mesmo que por segundos..Quero abandonar a mim mesmo.Esquecer-me,esquecer-te.Abandonar-me abandonando-te.Me entendes? Eu só almejo encontrar as respostas..ou mesmo parar de formular outras perguntas,jogando fora toda lástima com que me presenteaste.
Mas preciso ultrapassar esses limites,supérfluos e decadentes.Desejo agora,apenas que me confidencie:
Que queres de mim?
Queres sinceridade?
Não posso te oferecer o que não disponho a mim.
Se quiseres, reparto minha solidão.
Assim quem sabe,posso encontrar paz,deliciando me em teu veneno ardente;destruindo me em teus braços quentes,rendendo me em tuas mentiras doces. 

Outra história sobre solidão

Hoje admiti.
Sinto falta dele.
Sinto falta dele como se uma parte do meu corpo tivesse sido arrancada bruscamente por alguém de quem não posso esperar vingança.
Posso esquecer seu rosto, sua voz, seu sotaque arrastado. Tenho certeza . Mas acho que nunca conseguiria esquecer as consequências disso.
A muito tempo atrás me descobri sendo egoista, mesquinha, niilista. Pra falar a verdade, adorei isso.
E quando eu comecei a mudar,fraquejar,bambear-me em tuas palavras doces e enganosas, senti fraqueza. Quis repeli-lo; meu instinto mandava eu fazê-lo.
Eu estava sucumbindo, derrubando muralhas nas quais sofri para construir. Abrindo uma brecha sem pensar no que poderia passar por ela.
Sem reparar, eu tinha despido minha armadura. Você me mudou assustadoramente. Me fez querer ser melhor. E eu tentei.
Joguei todo o resto fora, fui aprendendo sobre fidelidade, sinceridade, amores e sonhos.
Ah.. A inocência! Traiçoeira como uma serpente..
Seu veneno me fez chorar de arrependimento e mágoa por muito tempo.
Remoí e fustiguei..
Cultivei ódio.
E ele se tornou em uma armadura mais resistente do que a primeira.
Me senti impenetrável.
E agora, depois de passar por tudo isso de novo e de novo,sinto me no ponto zero, onde começo e termino. Sempre. Chega a ser irônico.
Preciso mudar, ou fazer que mude.
Cansei do seu olhar triste e choroso, e seu sorriso bobo já não me afeta.
Vou devolver-lhe as lembranças e as ilusões.Faça bom uso delas.Por que eu o fiz.

Finalmente decidi reerguer-me,sem você.Sem ninguém;talvez.Só, não tenho grandes alegrias,nem grandes tristezas,nem grandes abalos.
Solidão,me aceita como companheira até que a morte nos separe?

Sua sutilidade

Observe-a.
Não olhe apenas. Veja.
Veja através do que o superficial mostra.
Examine-a.
Veja como a simplicidade a torna única,
E como a ingenuidade a torna especial.
Veja como os caixos do seu cabelo emolduram seu rosto sorridente,formando um quadro hipnótico.
Veja que quando olha em seus olhos,a maldade parece um mito,e a magia;real.
Tenho medo.
Tenho medo que os outros, não te vejam como te vejo,não te valorizem como mereces.
Nada me amedronta mais do que ver-te com asas quebradas,machucada pelas rajadas de vento frio,palavras duras,e promessas falsas.
A realidade,é dura,triste e cruel..Tomara que não te mude.Não tire de ti a meiguisse, e não tire de mim a felicidade de te ter por perto.
A felicidade boba de presenciar o sincero.